quinta-feira, 24 de outubro de 2013

O Conselheiro do Crime


Depois da controversa sci-fi Prometheus, que frustrou muitas expectativas e gerou uma série de piadas com seu título (do tipo “prometheus, mas não cumpriu”), o cineasta Ridley Scott volta a fincar os pés na Terra com esse roteiro de Cormac McCarthy – romancista de Onde os Fracos Não Têm Vez, dentre outros. Também aqui toda a trama se desenrola a partir de uma decisão equivocada da parte de um dos protagonistas, o que desencadeia uma espiral de violência que atinge não somente ele, mas todas as pessoas à sua volta.

Michael Fassbender interpreta um advogado ambicioso e que flerta com o mundo do crime. Um dia ele resolve dar o passo definitivo e se envolve diretamente em uma transação criminosa que dá errado, aliás, muito errado. Ele quer consertar tudo e se explicar, mas o que ele percebe tarde demais é que, entre criminosos, não há segunda chance e basta um único passo em falso. Sem possibilidade de retorno, só lhe resta tentar escapar e proteger a esposa.


Um detalhe muito interessante é que o espectador fica sem saber o nome do personagem de Fassbender, já que este é chamado o tempo todo de Counselor (denominação dada aos advogados e que neste caso não significa exatamente “conselheiro”). É como se o personagem fosse uma mera peça no tabuleiro, com uma função, não importando para ninguém o seu nome e sim o que ele tem a oferecer.

O filme tem um desenvolvimento atraente, com personagens instigantes e um elenco estelar. Michael Fassbender, Javier Bardem (com a energia habitual e mais uma caracterização bizarra), Brad Pitt, Penélope Cruz e Cameron Diaz estão ótimos. Quem mais surpreende é Cameron, que aparece em cena com aspecto envelhecido e destilando veneno por todos os poros. Seu personagem é dúbio, felino e com uma maturidade que a atriz ainda não havia demonstrado antes. Também as cenas entre Fassbender e Bardem são excelentes, com seus diálogos cheios de sarcasmo. Uma curiosidade é o fato de Penélope e Javier, casados na vida real, não contracenarem em nenhum momento.


O grande problema do filme parece derivar do roteiro ser muito truncado em certas passagens. A trama evolui aos saltos, sem uma progressão fluente. A dinâmica entre certos personagens é pouco desenvolvida e há uma penca de situações que não se apresentam de forma clara, deixando o espectador com a impressão de que novos fatos serão revelados mais adiante – o que não acontece. 

Assim como ocorre no já resenhado Os Suspeitos, é o elenco azeitado que levanta a moral do filme, já que tampouco a direção de Scott parece inspirada. Atuações bacanas e uma série de diálogos espertos que levam a boas sequências, apesar da estrutura geral deixar um pouco a desejar.

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