sexta-feira, 18 de outubro de 2013

Serra Pelada


O filme, que encerrou o Festival do Rio semana passada, leva para a telona a saga de Juliano e Joaquim (conhecido como “professor”), dois amigos de infância que deixam São Paulo e partem para o garimpo de Serra Pelada em busca de sonhos de riqueza, mas acabam se deparando com uma realidade repleta de ganância e violência que põe à prova o caráter e a amizade deles. O filme é ambientado na primeira metade dos anos 80 e mostra como a chance de enriquecer pode destruir não somente uma amizade, mas os valores pessoais e a dignidade de cada um.

Heitor Dhalia, cineasta cheio de estilo habituado a contar histórias mais intimistas e com poucos personagens, se sai bem na direção desta produção de proporções gigantescas. Dhalia consegue criar uma ambientação interessante para o garimpo e seu entorno, como um microcosmo (ou um universo paralelo), onde as regras da sociedade e as leis do país parecem não se aplicar. O filme remete um pouco à estrutura de Cidade de Deus, nem tanto pelas eventuais semelhanças na trajetória de alguns personagens e pela escalada da violência, mas principalmente pelo tom de westernmoderno e pelo estilo da narração em off feita por um dos protagonistas.

Serra Pelada tem como pontos fortes e fotografia excepcional de Lito Mendes da Rocha, que impressiona em especial nas tomadas panorâmicas que fazem o garimpo a céu aberto parecer um imenso formigueiro. Outro destaque absoluto fica por conta das incríveis interpretações de Julio Andrade e Juliano Cazarré, em especial a deste último – uma verdadeira força da natureza na telona. Também Wagner Moura, que é um dos produtores do filme, faz uma divertida participação. Alguns outros personagens, porém, carecem de melhor desenvolvimento – caso do Coronel Carvalho de Matheus Nachtergaele. Já Sophie Charlotte, praticamente a única presença feminina da trama, tem personagem que poderia render, mas não apresenta o impacto esperado.

Nenhum comentário:

Postar um comentário