quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Sacro Gra


Eis um filme que já chegou ao Festival causando desconfiança. Sacro Gra foi o grande vencedor do último Festival de Veneza e foi a primeira vez que um documentário recebeu o Leão de Ouro, mas a sua premiação foi considerada injusta pela mídia de um modo geral. Ok. Realmente não é um filme que causa uma impressão forte e sua vitória em Veneza parece, de fato, um exagero, mas tampouco se trata de um filme ruim.

O filme se desenvolve com uma estrutura bastante semelhante à dos documentários de Eduardo Coutinho, em especial Edifício Master. Gianfranco Rosi documentou o dia a dia de pessoas que vivem à margem de um grande anel rodoviário que se localiza na periferia de Roma. Naquele reduto nada turístico da cidade eterna, Rosi monta um painel diversificado e cheio de naturalismo. Atores de uma fotonovela, o motorista da ambulância que atende ao hospital da região, os travestis que fazem ponto na estrada, um botânico que estuda as palmeiras, uma família que vive à margem de um riacho, enfim, gente que vive ou trabalha em torno do local. São especialmente significativas as tomadas feitas do lado de fora das janelas, como é o caso das cenas que mostram as conversas descontraídas entre um pai e sua filha ou as vizinhas que falam de uma vista bonita que o espectador nunca vê.

Embora peque pelo ritmo um pouco arrastado (ainda mais considerando sua curta duração), o filme apresenta um panorama bastante curioso que certamente se tornará mais interessante para quem tem alguma relação ou interesse pela cidade. Outro ponto de identificação pode ocorrer no caso do espectador ter assistido ao longa de Paolo Sorrentino, A Grande Beleza. Isso porque o universo de concreto e fuligem retratado em Sacro Gra pode tranquilamente funcionar como o “lado B” da Roma sedutora e esfuziante de Sorrentino. De qualquer modo, vale uma conferida.

Mostra Panorama


Nenhum comentário:

Postar um comentário