sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Quatro perguntas para Claudio Giovannesi

O diretor e roteirista italiano Claudio Giovannesi veio ao Festival do Rio para divulgar Alì Tem Olhos Azuis. O filme, além de ter sido um sucesso em seu país natal, também venceu dois prêmios no Festival de Roma do ano passado: o prêmio especial do júri e o prêmio para novos diretores. Este é seu terceiro longa-metragem e o segundo de ficção. Alì Tem Olhos Azuis discute os conflitos de um adolescente nascido na Itália que não aceita ser criado de acordo com as tradições egípcias da família. Claudio esteve hoje no Estação Rio para acompanhar a exibição do filme e gentilmente conversou com o A&S antes de entrar na sala:

O seu protagonista quer ter uma namorada e viver como italiano, desde que a irmã continue sendo criada à moda dos muçulmanos. Como é essa contradição?

Mas é justamente neste tipo de contradição que eu quis basear a história. E o filme foi realizado a partir de pessoas reais, tanto que os jovens que você viu não são atores profissionais. Eles têm os mesmos nomes dos personagens e trouxeram para esse trabalho suas próprias experiências e sentimentos.

Mas havia um roteiro ou ele foi sendo construído durante as filmagens?

Havia um roteiro, mas o filme foi sempre desenvolvido com a colaboração deles. Essa segunda geração de imigrantes vive muito intensamente esse conflito porque eles possuem duas culturas: a da família e a do país onde vivem. E isso me interessa muito, tanto que anteriormente eu tinha feito um documentário chamado Fratelli d’Italia que pegava como exemplo três adolescentes – um romeno, um egípcio e um bielorrusso – para falar dessa nova Itália.

Em sua opinião, as raízes familiares acabam sendo mais fortes?

Não, nem sempre. Existe uma grande influência dos dois lados, mesmo porque a adolescência é uma época de transformação e busca pela identidade. O protagonista tem os costumes familiares enraizados nele, mas também todo o apelo de uma sociedade consumista e até mesmo a questão das amizades perigosas.

Depois do sucesso desse filme e dos prêmios no Festival de Roma, já há um novo projeto em andamento?

Sim, há. Novamente estou desenvolvendo um filme que tem o universo jovem como tema. Dessa vez é a história de uma adolescente italiana que vai parar na prisão. 



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