quinta-feira, 10 de outubro de 2013

Pais


O filme discute algumas frustrações recorrentes das famílias de classe média, espremidas entre o conforto material alcançado e o enorme esforço que é preciso para manter esse padrão. No caso de Christine e Konrad, ela, uma cirurgiã, se acostumou a ser o chefe da família enquanto ele, um diretor teatral, tem maior traquejo em lidar com as duas filhas e as tarefas domésticas. Quando Konrad, que andava afastado do teatro, se envolve com um novo trabalho que lhe exigirá dedicação total, o casal decide contratar uma au pair, mas a argentina Isabel acaba se tornando mais uma fonte de preocupação do que de ajuda.

A trama se passa em Berlim, mas é um tema de alcance universal. A curiosidade aqui é a inversão de papéis, com o marido assumindo o papel de parte mais frágil do casal, aquela que é sobrecarregada com o trabalho doméstico e não recebe o devido crédito por isso somente porque não “sustenta a casa”. Num dos ótimos diálogos, Christine chega ao ponto de debochar de Konrad, dizendo que ele parece uma dona de casa dos anos 60.

Como cinema, o filme não apresenta nada fora do normal. Seu grande atrativo está na boa construção de personagens, no realismo dos diálogos e na ótima química reinante entre todo o elenco, com destaque para o ótimo Charly Hübner, que provoca imediata empatia com o jeito sincero de seu Konrad e o modo como se esforça para manter a família de pé apesar dos problemas.

Mostra Foco Alemanha

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