domingo, 27 de setembro de 2009

A Casa Nucingen


William James é um jovem aristocrata americano que vive com a esposa Anne-Marie na fervilhante Paris da década de 20. Um dia William quebra a promessa feita à esposa e aposta alto no pôquer – mas, dessa vez, vence. O prêmio é uma bela propriedade no Chile, próxima à Cordilheira dos Andes. O casal viaja então para conhecer a casa e ter uma tardia lua-de-mel. Mas, chegando lá, encontram os familiares do antigo dono – que se suicidou após o malfadado jogo – e logo percebem que eles não estão dispostos a deixar a residência. Estranhas figuras povoam o local e os relógios parecem não funcionar, deixando William e Anne-Marie sem saber distinguir os vivos dos mortos. Baseado no conto homônimo escrito por Honoré de Balzac.

O chileno Raoul Ruiz tem um modo muito peculiar de fazer cinema. Seus filmes são marcados por um grau de bizarrice e artificialismo que costuma chocar os desavisados. A Casa Nucingen não foge a essa regra, criando um forte contraste entre a atmosfera gótica e surreal do conto de Balzac e uma certa tosquice intencional no aspecto visual do longa e também nas interpretações. Ruiz costuma dar um tratamento bastante estilizado, até mesmo caricatural, às suas produções, associado a uma releitura de gêneros tradicionais. Neste caso, a homenagem é feita aos filmes de terror da década de 70 – a própria fotografia do longa remete a esse estilo de filme.

O filme é um interessante exercício de estilo, embora não possa ser considerado realmente como um filme de terror bem-sucedido. O exagerado nível de estranheza impede um maior mergulho do espectador na trama, fator indispensável para que se crie uma atmosfera assustadora. E as esquisitices da direção, ao contrário, parecem estar ali tão-somente para lembrar a todo momento tratar-se de cinema. Uma espécie de horror brechtiano, que faz questão criar distanciamento. Mais recomendado para o cinéfilo que valoriza a estética surrealista, já que não vale a pena olhar o filme pelo viés da dramaturgia. Destaque para a cena do estranhíssimo jantar e o médico que dorme à mesa quando menos se espera.

Nota: 6,0

(La Maison Nucingen, de Raoul Ruiz. França / Chile, 2008. 94min. Panorama do Cinema Mundial)

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