segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Julie & Julia


Em 1948, a americana Julia Child muda-se para Paris na companhia do marido diplomata. Sem ter do que se ocupar e grande entusiasta da culinária francesa, Julia descobre sua grande vocação ao ingressar numa renomada escola de gastronomia. Décadas depois, em 2002, Julie Powell sente-se extremamente frustrada com suas finanças e carreira e tem como válvula de escape cozinhar. Seu livro de cabeceira? Dominando a Arte da Culinária Francesa, de Julia Child. Com o incentivo do marido, Julie cria um projeto que prevê que ela testará todas as 500 e tantas receitas do livro dentro do prazo de um ano e publicará os resultados em um blog.

O filme é baseado nas histórias reais das duas quase xarás e se desenvolve em épocas distintas: ao mesmo tempo em que acompanha a ascensão de Julia Child – que, de dona-de-casa glutona se transforma em uma renomada chef – no passado, segue as agruras de Julie no presente e sua busca em recobrar o prazer e a auto-estima. O elo de ligação entre as duas mulheres ocorre por conta da afetividade quase religiosa que Julie começa a desenvolver por Julia, nos dias atuais uma grande personalidade e referência em termos de gastronomia. Mas Julia, em contrapartida, nem sabe que Julie existe – ou, pelo menos, não sabia antes do blog.

Julie & Julia é um filme correto, podemos classificá-lo assim. Levando-se em conta o argumento pouco atraente (eu, particularmente, fui assistir ao filme com expectativa zero), até que o resultado final tem sua graça. E grande parte do mérito vai para o talento das protagonistas Meryl Streep e Amy Adams, que não contracenam no longa e, ainda assim, seguram a barra de seus núcleos com grande competência - curiosamente, as duas estiveram juntas ano passado em Dúvida. O núcleo de Meryl é, de longe, mais rico, não apenas pela reconstituição de época e a crítica ao macartismo, mas pela própria exuberância e divertida afetação da personagem. Já Amy tem a ingrata tarefa de conduzir a personagem menos interessante, mas a atriz faz das tripas coração e consegue torná-la mais consistente.


O filme é bom divertimento, embora o roteiro se atrapalhe um pouco na conclusão e deixe o espectador com a ligeira impressão de que a diretora e roteirista Nora Ephron não sabia muito bem como encerrar seu filme. Nora, aliás, nunca mais conseguiu fazer um filme tão bacana quanto Sintonia de Amor (1993). Mas, considerando que seu último longa foi o pavoroso A Feiticeira, podemos considerar Julie & Julia é uma bela evolução.

Só uma dica: como o filme tem previsão de estréia já para 27 de novembro, talvez não seja uma escolha tão urgente em termos de Festival do Rio.

Nota: 6,0

(Julie & Julia, de Nora Ephron. EUA, 2009. 123min. Panorama do Cinema Mundial)

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