quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Breves comentários


O documentário As Praias de Agnès, da Mostra Panorama do Cinema Mundial, certamente será uma iguaria fina para quem é ligado em cinema francês, especialmente nos filmes da Nouvelle Vague. Agnès Varda, um dos ícones do movimento, desfia para as câmeras reminiscências acerca não apenas de sua carreira como cineasta, mas também de sua origem, sua família, sua infância, seu casamento com o também cineasta Jacques Demy, etc. O título remete à importância que as praias tem para sua vida e o aspecto visual é realmente bem-cuidado e inventivo, embora a diretora abra mão de uma cronologia ou outro foco norteando o roteiro e realize um filme 100% afetivo. Vale lembrar que Agnès Varda é uma das convidadas do Festival deste ano.

O Clone Volta para Casa é um filme japonês totalmente sem sentido que está na grade da mostra Midnight Movies. O que vocês achariam de um filme com o seguinte argumento? Um astronauta, antes de partir em uma missão, aceita participar de uma experiência de clonagem avançada e pede que seu clone seja ativado caso algo lhe aconteça. Claro que algo acontece, ele morre e o clone é trazido à vida. Mas um erro na programação das memórias fez com que o clone fique preso às dores da infância da matriz e recorde a infância e o irmão gêmeo morto... e por aí vai. Como filme trash, certamente renderia bons momentos. Mas o longa se leva a sério, muito a sério. E a ausência de humor torna as incongruências e situações inexplicáveis do roteiro difíceis de digerir. A certa altura, o clone encontra a matriz, vestido de astronauta e tudo, no meio da mata. Como? Um filme assim é até difícil de criticar, dado o alto grau de estranheza. Por sua conta e risco, caro leitor.

Sussurros ao Vento, filme iraquiano da Mostra Limites e Fronteiras, foi um que desagradou em cheio aos presentes nas cabines de imprensa. Eu não achei o filme de todo ruim, não mesmo. Está certo que ele é bastante arrastado, mesmo tendo apenas uma hora e quinze minutos de duração. Mas, por outro lado, não se pode desprezar a poesia triste das imagens e a mensagem da trama. O filme conta a história de um homem que atravessa uma região de conflitos no Curdistão iraquiano e viaja de uma aldeia a outra gravando e transmitindo mensagens de guerrilheiros às suas famílias. Até que um amigo lhe pede que grave para ele o primeiro choro de seu filho prestes a nascer, mas quando ele chega no local descobre que as mulheres foram retiradas porque a região toda está em risco e sua missão torna-se mais difícil do que ele previra. Nos caminhos tortuosos, ele encontra amigos, dor, miséria e, ao fim, um pouco de esperança. É amador em termos técnicos, porém bonito.

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