sábado, 19 de setembro de 2009

Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans


Devido a um ato de bravura logo após o estrago do furacão Katrina, o detetive Terence McDonagh é promovido a tenente. Mas o heroísmo lhe deixa como saldo várias contusões nas costas e ele fica cada vez mais dependente de analgésicos, além do uso constante de cocaína. Quando uma família de imigrantes senegaleses é executada, Terence é encarregado de chefiar as investigações e logo percebe que as pistas apontam para traficantes da região. Para resolver o caso, o policial torna cada vez mais difusos e questionáveis seus limites e toma decisões que podem levá-lo a um caminho sem volta. O filme é um remake de um longa de Abel Ferrara de 1992, que trazia Harvey Keitel como protagonista, e foi exibido em competição no Festival de Veneza deste ano.

Confesso que um filme estrelado por Nicolas Cage e Eva Mendes é motivo para me deixar bastante apreensiva, mas felizmente o Nicolas Cage deste longa não tem absolutamente nada a ver com a figura constrangedora que temos visto nos últimos anos. Voltando em grande forma ao estilo de papel doidão que o consagrou – vide seu Oscar por Despedida em Las Vegas –, o ator prova que ainda pode dar um bom caldo se estiver numa produção decente.

Bad Lieutenant é um filme muito louco, repleto de personagens bizarros e situações idem. Recheado de ação, violência, humor negro e delírios exóticos, este divertido longa ainda tem uma ligeireza e anarquia nos diálogos que lembra muito mais o estilo Tarantino do que o normalmente mais sério Werner Herzog. O personagem de Nicolas Cage passa boa parte do filme num estado alterado de consciência e, muitas vezes, o mundo surreal que ele enxerga toma forma na tela, como se toda a equipe técnica do filme – e o próprio Herzog – estivesse tão chapada como o personagem.

Dentre tantas cenas memoráveis e hilárias, destaco a sequência em que Terence resolve dar um arrocho em duas velhinhas para descobrir onde está escondida uma testemunha. Você simplesmente não acredita em até onde o cara chega, logo depois de anunciar que “estava sendo educado até então, mas isso vinha atrapalhando sua eficiência.” Impagável. Está certo que algumas soluções do roteiro parecem cair do céu, mas, ainda assim, o filme é simplesmente delicioso.

Nota: 8,0

(Bad Lieutenant: Port of Call New Orleans, de Werner Herzog. EUA, 2009. 121min. Panorama do Cinema Mundial)

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