terça-feira, 22 de setembro de 2009

Chuva


Durante uma chuva torrencial que para toda Buenos Aires, Alma está em um congestionamento em seu carro quando um estranho lhe pede abrigo. Ele se chama Roberto, é espanhol e veio à Argentina para resolver um drama familiar. Alma, por sua vez, acaba de abandonar o marido e está vivendo temporariamente no carro. Mesmo sem conhecê-lo, Alma acolhe Roberto e o inusitado encontro cria um laço entre os dois estranhos enquanto a chuva castiga a cidade por três dias.

A diretora e roteirista Paula Hernández (a mesma de Herencia) realiza um retrato singelo da solidão e dos encontros e desencontros da vida. Chuva é um filme de poucas surpresas, contemplativo, melancólico, cheio de silêncios. O temporal quase bíblico que domina a tela é mais eloquente do que os personagens, que parecem aprisionados em seus traumas insondáveis. Alma não sabe porque desgostou do marido de um dia para outro; Roberto não sabe como encarar o reencontro com o pai em circunstâncias trágicas – parece que houve um desentendimento entre eles, mas o filme não se detém nisso.

Por vezes, é um pouco frustrante o modo como várias questões ficam no ar, mesmo que o filme deixe claro que sua intenção primordial é levantar questões e não responder perguntas. Em um filme de caráter tão subjetivo, é o bom desempenho de Valeria Bertuccelli e Ernesto Alterio que acaba fazendo a diferença. A humanidade com que os atores revestem seus personagens faz com que nos interessemos por suas dores mesmo quando eles pouco revelam.

Nota: 6,5

(Lluvia, de Paula Hérnandez, Argentina, 2008. 110 minutos. Première Latina)

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