quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Falando Grego


Há sete anos a comediante canadense de origem grega Nia Vardalos tirou a sorte grande quando a atriz e produtora Rita Wilson – também conhecida como sra. Tom Hanks – se encantou com um monólogo que ela apresentava no teatro. Rita e Tom resolveram produzir a versão para a telona e foi assim que um investimento modesto para os padrões hollywoodianos (US$ 5 milhões) se transformou em um dos maiores sucessos de bilheteria daquele ano: Casamento Grego. O filme não trazia absolutamente nenhuma surpresa, mas era boa diversão e revelou o talento de Nia para o mundo.

Mas o que foi feito de Nia Vardalos depois disso? A atriz sumiu das telonas por anos a fio e eis que, de repente, aparece com dois filmes fracos em um mesmo ano. Primeiro foi Eu Odeio o Dia dos Namorados e agora este Falando Grego, que tenta desesperadamente recriar a fórmula que deu tão certo em Casamento Grego e aqui parece estranhamente requentada. Isso sem falar no cartaz, que pega carona no de Mamma Mia.

Nia é Geórgia, uma americana de origem grega (oh, que surpresa) que trabalha como guia de turismo na Grécia e odeia seu trabalho. Formada em História, se irrita com o fato dos turistas estarem mais interessados em comprar bugigangas do que em conhecer a milenar história grega. Sempre avaliada pelos clientes como mediana, Geórgia recebe sempre os grupos mais problemáticos, é mandada para hotéis baratos, fica com o ônibus mais velho.

Quando Richard Dreyfuss entra em cena como integrante de um grupo de turistas, não precisa ser telepata para adivinhar que aquela excursão está destinada a mudar os conceitos de Geórgia sobre uma série de coisas. Assim como sua relutância em trabalhar com o motorista esquisitão significa claramente que deve ter um grego interessantíssimo escondido debaixo daquele visual “capitão caverna”. Some-se a isso uma fauna de turistas bizarros (não tem uma única pessoa normal no ônibus) e está armado o mais óbvio dos roteiros. E como é cansativo um filme que trata os mais batidos clichês como grandes surpresas. Ao contrário de Casamento Grego, que era um filme sem reviravoltas e não escondia isso, Falando Grego aposta em descobertas pseudo-edificantes que são evidentes para qualquer um menos para Geórgia.


Nia Vardalos, que esbanjava simpatia no filme que a tornou famosa, não consegue manter o carisma quando incorpora uma personagem resmungona e antipática. Geórgia não cria nenhuma identificação perante o público; pelo contrário, inspira indiferença desde o começo e o espectador entende perfeitamente que sua chefe esteja louca para se livrar de uma funcionária como ela. Sem contar sua insistência em posar de mulher bonita, coisa que ela não é pelos padrões gerais. Se em Casamento Grego sua simplicidade e timidez a deixavam mais bela do que é, neste filme é justamente a pretensão que a torna mais feia - a piadinha sobre a Angelina Jolie seria trágica se não fosse cômica.

Para não dizer que o filme é uma perda de tempo completa, salvam-se as locações maravilhosas na Grécia. Podemos ver o Templo de Apolo, o Oráculo de Delfos, uma praia grega, o centro de Atenas, tudo isso acompanhado de explicações sobre o local. É o que resta de positivo: esquecer as reclamações de Geórgia e curtir a viagem. Estreia nesta sexta.

3 comentários:

  1. Acho constrangedor ver um ator como ele numa arapuca dessas, coitado...

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  2. Eu gosto demais de "Casamento Grego". O filme pode até ter as suas passagens previstas pelo público, mas acho a premissa muito original. Também gostei da série que é uma sequência do filme, mas é verdade que essa insistência da Nia Vardalos em se envolver com projetos derivativos de "Casamento Grego" a tem prejudicado bastante.

    Tenho um dos filmes dela em DVD pós-"Casamento Grego" chamado "Connie e Carla - As Rainhas da Noite" e pelo pouco que assisti é um projeto bem diferente dos outros que ela se envolveu. No mais, verei "Falando Grego" assim que for possível, já que o diretor é o mesmo de "Miss Simpatia", uma comédia que ADORO!

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