domingo, 5 de outubro de 2008

Feliz Natal – O Debate

Selton Mello e Paulo Guarnieri em foto cedida pelo CinePlayers


Estão acontecendo debates muito legais no Pavilhão do Festival, que este ano ocupa o bacanérrimo e enorme armazém do Centro Cultural da Ação da Cidadania na Av. Barão de Tefé, 75. O único problema é que se deslocar para a Gamboa para um evento desses acaba prejudicando pelo menos dois filmes da sua programação diária. Mas fiz questão de conferir o debate do filme Feliz Natal. Afinal de contas, até agora o longa de Selton Mello é meu filme preferido de todos os sessenta e poucos vistos neste Festival. Estiveram presentes no debate Selton, os atores Paulo Guarnieri e Darlene Glória, a produtora Vania Catani, além da montadora, figurinista e diretora de arte.

O ambiente era descontraído e animado. Quando abriram para as perguntas, o microfone estava perto de mim e eu não perdi a chance: perguntei a Selton sobre a opção estética por um filme quase todo em planos fechados. Ficamos sabendo, dentre outras coisas, que Selton se inspirou no universo de John Cassavettes para esse seu primeiro longa e que privilegiou a introspecção, os closes e o diálogo entrecortado, usando o rosto dos atores como principal cenário e, desse modo, expondo a alma de seus personagens de forma claustrofóbica. Isso fica bem expresso na bela definição que ele fez sobre o tipo de cinema que admira e no qual pretende se espelhar: “Mais importante do que o que é dito é o que rola”.

Descobrimos também que o autor/diretor é um obsessivo (no bom sentido). Além de escrever e dirigir essa tocante história, ele participou da montagem, da cenografia, do aspecto visual e até mesmo saiu em campo junto com a produtora para captar recursos. Como bem pontuou Darlene Glória, impressiona que alguém tão jovem demostre tanta segurança e maturidade artística.

Mas o mais gratificante de tudo é ver Selton nervoso e com os olhos rasos d'água cada vez que começa a falar de seu filme e de suas inspirações, evidenciando a grande diferença entre um mero realizador e alguém que de fato é apaixonado por cinema e tem como objetivo principal criar algo que emocione, que faça a diferença. Isso é o bacana desse tipo de encontro e eu saí do Pavilhão muito contente de constatar que aquele carinha que eu considerava um ator brilhante também é uma pessoa linda.


Visão geral da platéia (lá estou eu, na primeira fila)

3 comentários:

  1. Estou curioso para conferir a estréia de Selton na direção. Não sabia que você tinha um blog, mas conferia sempre o adorocinema. "Favoritada" com toda certeza!

    beijos!

    ResponderExcluir
  2. Apesar de suspeito, por ser fã da Érika, eu vou comentar.

    Ela é um exemplo de que podemos fazer a crítica, com bases firmes na essência da comunicação e, ao mesmo tempo, passar a nossa impressão pessoal e humana.
    Mostra que uma crítica, pode conciliar o exercício da arte que ela analisa, como pode destrinchar as obras tanto de cinema, como de teatro.

    ResponderExcluir
  3. Poxa, pessoal, obrigada! Receber esse retorno positivo é uma parte muito gratificante do trabalho.

    Mas a obra comentada também é responsável por boa parte da inspiração, como foi o caso desse lindo filme que é Feliz Natal!

    Obrigada de novo, aos dois!

    ResponderExcluir