sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Vicky Cristina Barcelona


Woody Allen é sempre Woody Allen. Assim como Almodóvar, Allen chegou a um ponto de maturidade artística em que dificilmente fará um filme que não seja pelo menos bom. Ótimo com diálogos e melhor ainda na direção de atores, o cineasta ganhou fôlego extra com suas recentes produções européias. Em Vicky Cristina Barcelona, ele reúne em um triângulo amoroso sua nova musa Scarlett Johansson e os atores espanhóis mais quentes da atualidade: Javier Bardem e Penélope Cruz.

As americanas Vicky e Cristina são duas amigas de personalidades opostas que viajam de férias para Barcelona. Enquanto a centrada Vicky está prestes a se casar, Cristina vive em busca de paixões fortes. Quando conhecem numa vernissage Juan Antonio, um pintor sexy e fogoso, as amigas reagem de maneira diferente: Cristina declara seu interesse abertamente e Vicky finge não achá-lo atraente. O caso fica mais confuso com o aparecimento de Maria Elena, a explosiva ex-mulher por quem Antonio ainda é apaixonado. Exibido no Festival de Cannes 2008.

Tudo indicava uma atmosfera intensa, explosiva, forte. A começar pela trilha sonora. Pela segunda vez em poucos anos – a primeira foi a ópera em Match Point –, Woody abandonou sua característica trilha sonora jazzística. Desta vez, em favor dos ritmos flamencos que aceleram o coração do espectador já nos créditos iniciais. Em contraste com esse clima caliente, o cineasta insere uma ironia curiosa na trama: um narrador formal, estranhíssimo, que narra as paixões arrebatadoras dos personagens como se estivesse falando em um vídeo da National Geographic. Conheço quem não gostou da esquisitice. Eu gostei.

Então por que será que, no geral, eu fiquei com a impressão de que assisti a um filme morno? Certamente é um belo filme, com locações privilegiadas e um elenco bacana (destaque especial para Penélope Cruz, que diferença vê-la atuando em sua terra natal!). Mas, sei lá, ainda assim o filme não me apaixonou. Achei bem-feito, redondinho, mas sem nenhuma grande surpresa. Faltou o toque de genialidade, que podemos pinçar até mesmo em filmes imperfeitos com Scoop (que, apesar de ser bastante irregular, tem pérolas como a barca do além e as aparições do personagem de Ian McShane). Já Vicky Cristina, embora não tenha nenhuma falha aparente, tampouco apresenta um grande diferencial. Não vou nem tecer comparações com o último exemplar do cineasta a aportar por aqui, o excelente O Sonho de Cassandra.

De todo modo... Woody Allen é sempre válido. Fica como ponto positivo o interessante espelhamento entre essas amigas: uma que faz exatamente o que quer, mas no fundo não sabe o que procura; e outra que encontra o que procura, mas não é senhora de seus desejos.

Ah! Um aviso aos marmanjos que estão babando por ver Penélope e Scarlett “se pegando”: não se animem demais, porque muita coisa é sugerida e pouca é mostrada.

Vicky Cristina Barcelona (idem), de Woody Allen. Com Javier Bardem, Scarlett Johansson, Penélope Cruz, Patricia Clarkson, Rebecca Hall. Espanha / Estados Unidos, 2008. 97min.

Mostra Panorama

Nota: 7,5

2 comentários:

  1. Eu provavelmente vou gostar do filme. Até porque sou fã absoluto do cineasta. Bom saber que o filme é bom!!!

    ResponderExcluir
  2. Só pela FORTE atuação da Penelope, o filme prevalece gostoso de se ver!

    ResponderExcluir