sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Mandela – Luta pela Liberdade


Acabado o Festival do Rio, é hora de voltar a prestar atenção no circuito. Esse longa foi selecionado para a competição oficial do Festival de Berlim do ano passado e também exibido aqui no Rio no Festival de 2007. Foi quando o assisti. Para meu azar, logo no primeiro dia do evento. Eis que agora, um ano depois, alguém resolve retirar o filme do limbo para lançá-lo nos cinemas. O tipo de coisa que sempre me espanta, considerando a grande quantidade de produções infinitamente melhores que têm sido despejadas direto nas locadoras.

A história se passa na África do Sul do final dos anos sessenta e inicia quando James Gregory, um guarda penitenciário branco, recebe a missão de espionar o prisioneiro Nelson Mandela. Criado numa fazenda na mesma região do líder sul-africano, Gregory fala bem o dialeto Xhosa e é a pessoa indicada para ouvir e repassar informações trocadas entre Mandela e seus visitantes. Mas a convivência entre os dois acaba por criar laços de respeito mútuo e amizade.

Mesmo dentro do seu estilo convencional, o filme é uma bomba e não tem nada a dizer. A trama se limita a mostrar a convivência do tal carcereiro com Mandela e a inexplicada tomada de consciência do primeiro quanto à questão do apartheid, sem que haja nenhuma conversa relevante entre os dois que tenha ocasionado tal mudança de postura. O diretor Bille August causou sensação com Pelle, o Conquistador, filme que venceu o Oscar de melhor filme estrangeiro e deu uma indicação de melhor ator a Max Von Sydow. Mas isso foi há 20 anos e August nunca mais fez algo relevante.

Além de ser incrivelmente chato, o filme também é cheio de falhas técnicas. Os personagens envelhecem mais de vinte anos ao longo da história sem que haja nenhuma mudança significativa em termos de caracterização. Um bigode, um penteado diferente ou cabelos brancos que parecem algodão. Um horror. Também é mais um daqueles filmes com trilha sonora irritante, ou seja, repleto de sons pseudo-edificantes. O elenco apático também contribui para colocar o pobre espectador para roncar. Dennis Haysbert é bom, mas não tem muito o que fazer no filme. Joseph Fiennes está longe de ter o talento do mano Ralph. E Diane Kruger... Bom, essa daí é simplesmente uma das piores atrizes do momento. Ah, e a explicação para o título original (Goodbye Bafana) também é de doer.

A impressionante trajetória de Mandela, preso político por 27 anos e posteriormente presidente da república, certamente merece e deve ser mostrada no cinema. Mas ainda não foi dessa vez que isso aconteceu, mesmo porque o roteiro é focado na figura de James Gregory e não na do líder sul-africano. E, como não há nada de interessante na biografia de Gregory, a grande pergunta é: por quê? Imaginem se a moda pega e começam a fazer filmes sobre as vidinhas tediosas de qualquer um que tenha convivido com alguém importante.

2 comentários:

  1. E ai Erika
    Tudo bem.
    Ja leu o manifesto do Pedro Cardoso sobre nudez no cinema e na televisão. O texo ta no blog do filme: http://todomundotemproblemassexuais.zip.net/
    Eu avhei bastante corajoso da parte dele. Mas não acho que toda nudez deva ser castigada. E voce o que acha ?

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  2. Olá... Anônimo!

    Li sim, e creio que o Pedro está se referindo à nudez apelativa, posta no ar apenas para chamar atenção, e não a cenas de nudez que estejam contextualizadas (embora essa diferença seja um conceito que varia de acordo com a cabeça de cada um). Eu acho que cada caso é um caso, e depende da sensibilidade de quem está assistindo, ou seja, não tem regra.

    Abraço e seja bem-vindo!

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