quarta-feira, 1 de outubro de 2008

La Leonera


Julia acorda suja de sangue e encontra seu namorado morto e o amigo dele gravemente ferido, ambos esfaqueados, mas ela não se lembra de nada. Presa em flagrante, é enviada para um pavilhão especial por estar grávida. Julia dá à luz a Tomás atrás das grades, e sabe que só poderá ter o filho junto de si até que ele complete quatro anos. Exibido na mostra competitiva do Festival de Cannes 2008.

O filme se apóia todo no (ótimo) trabalho de Martina Gusman, que, curiosamente, tem uma carreira mais voltada para a produção do que interpretação (antes desse filme, ela atuou apenas em Nascido e Criado). Produtora dos longas anteriores de Pablo Trapero, aqui ela acumula as duas funções. O filme gira em torno de sua personagem: primeiro, mostra a adaptação de uma universitária de classe média à vida carcerária; em um segundo estágio, o foco passa a ser a leoa defendendo o direto sobre a cria com todas as armas. Rodrigo Santoro também está muito bem nas poucas cenas em que aparece, só é uma pena que seu personagem, apesar de importante, tenha tão pouco tempo em cena.

O maior problema em La Leonera está no ritmo da história, que é demasiado lento e naturalista em dois terços do filme e, por causa disso, acaba concentrando acontecimentos demais em sua reta final. A mudança deixa a trama desigual e o espectador com uma sensação de que o diretor apressou as coisas no desfecho porque estava na hora de terminar o filme. Tampouco convence a seqüência em que as presas se rebelam violentamente a partir da reivindicação de Julia, trecho que dá a impressão de ter sido inserido ali somente para injetar mais dramaticidade.

No geral, um filme que vale a pena conferir pelo elenco e também pela abordagem desse aspecto singular do sistema carcerário: a presidiária grávida.

La Leonera (idem), de Pablo Trapero. Com Martina Gusman, Rodrigo Santoro, Elli Medeiros. Argentina / Coréia do Sul / Brasil, 2008. 113min.

Mostra Première Latina

Nota: 6,0

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