terça-feira, 4 de outubro de 2011

A Um Tiro de Pedra



Jacinto é um solitário pastor de ovelhas no México que sonha com tesouros escondidos. Quando encontra por acaso um chaveiro com o nome da uma cidade do interior do Oregon, entende isso como um sinal místico e parte em direção aos Estados Unidos sem olhar para trás. Para perseguir sua miragem, Jacinto não mede esforços nem limites éticos ou morais, seguindo sempre inabalável em sua convicção de chegar a seu destino. Exibido no Festival de San Sebástian de 2010.

Eu juro que não queria, mas pensei no Paulo Coelho. Lembram da história do Alquimista, na qual um pastor sonha com um tesouro e roda o mundo atrás dele? Pois é. Mas aqui a lição moral é mais difusa, porque o que desencadeia a partida do protagonista é um chaveiro que ele nem sabe a quem pertence. Longe de estar em uma busca pessoal, Jacinto dá mais a impressão de que estava tão desesperado em fugir daquele tédio que qualquer indício serviria. Até aí tudo bem. O problema do filme é falhar completamente em nos fazer simpatizar com o protagonista. Não bastasse Jacinto ter um objetivo surreal, ele ainda parte atrás de suas ilusões de um modo totalmente covarde. E prossegue com essa postura o tempo todo, escolhendo sempre o caminho mais fácil para resolver os problemas que surgem.

O filme é um raro exemplo de road movie onde o personagem parece nunca se transformar, a despeito das experiências que vive e das pessoas que encontra pelo caminho. E não se chega a uma conclusão sobre o intérprete de Jacinto, Gabino Rodríguez: embora o ator tenha um rosto singular, suas expressões são sempre muito apáticas. Resta saber se é um problema de falta de carisma ou se foi a direção do estreante Sebastián Hiriart que o orientou assim.

A Um Tiro de Pedra (A Tiro de Piedra), de Sebastián Hiriart. Com Gabino Rodríguez, Monserrat Angeles, Alejandra España, Julián Silva. México, 2010. 97 minutos. Première Latina.

Cotação: 4,0

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