segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Sete Atos de Misericórdia



Poucas vezes na minha vida eu presenciei algo tão escandalosamente ruim numa sala de cinema. Sou daquelas pessoas que sempre procura destacar qualquer coisa de interessante que o filme em análise possua, como uma fotografia bonita ou uma direção de arte bacana. Muitas vezes uma boa ideia não se converte em um resultado feliz, é verdade, mas como é possível que alguém faça um filme do qual não se consiga destacar absolutamente nada de positivo?

Sete Atos de Misericórdia tem um roteiro truncado (tem coisa que a gente só sabe por estar escrito na sinopse), atuações amadoras, ritmo arrastado e direção inexistente. Como defender um filme que não apresenta nem mesmo uma imagem decente? Em diversas cenas não se entende bem o que está ocorrendo simplesmente porque não se consegue enxergar o que acontece na tela. E ainda é chato, meu deus, como é chato esse filme. 

O que a sinopse diz é o seguinte: “Luminita é uma jovem romena que vive ilegalmente na Itália, à margem da sociedade, e que lança mão de práticas ilícitas para garantir seu sustento. A moça rouba pacientes de um hospital e sobrevive com alimentos furtados. Para sair desta situação, ela tem um plano ambicioso: raptar uma criança e exigir como resgate documentos que a permitam trabalhar no país. Um dia, Luminita conhece Antonio, um velho ríspido e doente em quem vê uma presa fácil, invadindo sua casa para usá-la como refúgio durante o sequestro. Mas uma platônica relação de companhia começa a aflorar”.

A certa altura do filme, eu não conseguia mais me concentrar no fiapo de história, eu confesso. A mente começa a derivar para outras coisas quando o que está na frente não consegue prender um mínimo de atenção que seja. Claro que não ajudava em nada o fato das pessoas estarem deixando a sala aos bandos, a cada cinco minutos alguém saía. O nível de desistência foi algo entre quinze e vinte pessoas, o que é um grande percentual se considerarmos que a sala onde o longa era exibido era o Sesc Rio 3 (antigo Espaço de Cinema), que tem 100 lugares e estava longe de sua lotação completa.

Causa espanto, sobretudo, que um trabalho tão amador seja uma coprodução entre Itália e Romênia, dois países com uma cinematografia de bom nível de um modo geral. Espanta também que algo assim seja selecionado para um festival de cinema, ainda mais dentro de um contexto de ser a Itália o país homenageado deste ano. Por que escolher este arremedo de filme, dentre tantas outras coisas interessantes produzidas pelo país recentemente?

Sete Atos de Misericórdia (Sette Opere di Misericordia), de Gianluca De Serio e Massimiliano De Serio. Com Stefano Cassetti, Roberto Herlitzka, Olimpia Melinte, Ignazio Oliva. Itália / Romênia, 2011. 100 minutos. Foco Itália. 

Cotação: 1,0

4 comentários:

  1. Olá, pelo visto estivemos na mesma sessão. Concordo inteiramente. A impressão que tive foi de que o diretor se esforçou para deixar o filme obscuro, inclusive literalmente. Coisa de quem quer se fazer de difícil, talvez.

    Gostei de seu blog, vou acompanhar.

    abraço,

    Helio

    ResponderExcluir
  2. Obrigada, Helio, seja bem-vindo. Eu assisti ao filme na sessão de 16h de domingo.

    Abraços,
    Erika

    ResponderExcluir
  3. Eu na de 22:00, domingo. Foi a mesma debandada. Parabéns pelo blog, espero que troquemos idéia sobre algum filme bom também...

    abraço.

    Helio

    ResponderExcluir
  4. Helio,

    Foi ótimo esse teu retorno, porque isso acontecer nas duas sessões confirma que a rejeição do público foi generalizada. Obrigada pela informação e bons filmes para nós!

    ResponderExcluir