segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Red State


Numa pequena cidade americana, o pastor extremista Albin Cooper e seus seguidores intimidam a população local com suas ferozes manifestações. Os homossexuais são o alvo preferido do fanático, que chega ao cúmulo de organizar protestos em enterros de gays. Enquanto isso, os adolescentes Travis, Jared e Billy planejam uma noite de sexo selvagem com uma mulher que conheceram em um chat na internet. Ao chegar ao lugar combinado, os três se veem em uma armadilha engendrada pelo rebanho de Cooper, que anda ampliando seu raio de ódio e defendendo o extermínio de todos os pecadores em geral. Selecionado para o Sundance Film Festival deste ano.

Kevin Smith sempre gostou de criticar o american way of life e os dogmas religiosos. Em Red State, ele consegue a façanha de fazer as duas coisas ao mesmo tempo, realizando uma das mais ferinas críticas já concebidas à sociedade americana pós-onze de setembro. E o mais interessante é que Smith alcança seu intento não com um filme sério, profundo e panfletário, mas com um eletrizante longa de ação repleto de humor negro. Red State parece, a princípio, uma porra-louquice descomunal (e, na verdade, é), mas que ganha enorme importância política conforme vai se aproximando do desfecho e ambos os lados – fanáticos religiosos e autoridades governamentais – perdem completamente as estribeiras.

O roteiro abusado e inteligente expõe sem meias-palavras o modo como os americanos agora usam a desculpa do terrorismo para cometer qualquer tipo de abuso civil ou encobrir seus erros táticos. Frases como “em que época você vive, no dia 10 de setembro?” dão o tom da ácida crítica ao sistema realizada por Kevin Smith, que volta à boa forma depois do fraco Pagando Bem, Que Mal Tem?

A única coisa que não fica clara é o porquê de Red State estar sendo veiculado como um filme de terror, coisa que não é sob nenhum aspecto.

Red State (idem), de Kevin Smith. Com Michael Angarano, Kerry Bishe, Nicholas Braun, Michael Parks, John Goodman, Melissa Leo. EUA, 2011. 97 minutos. Midnight Terror.

Cotação: 9,0

2 comentários:

  1. Erika, ainda não peguei as obras mais celebradas da filmografia de Kevin Smith ("O Balconista" e "Procura-se Amy"), mas gosto da sua maneira de contar histórias. Não sabia que o filme pegava, digamos, pesado com os fanáticos religiosos e minha maior curiosidade em vê-lo é exatamente por esses puxões de orelhas.

    Apesar de vocês do Rio de Janeiro terem roubado o filme da minha Mostra Internacional de Cinema em São Paulo eu consegui um jeito para conferir a obra em breve, rs.

    Bjs.

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  2. Oi Alex,

    Red State pega pesado com eles e mais ainda com o governo americano. Quanto ao filme não ir para a Mostra, é nossa pequena vingança por vocês terem ficado com Faust e The Ides of March :-)

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