sábado, 1 de outubro de 2011

Um Homem Engraçado


O filme é baseado na história real de Dirch Passer, um célebre comediante dinamarquês. Amado pelo público, desejado pelas mulheres, invejado pelo parceiro de cena e melhor amigo pelo fato do público preferir a ele, o longa acompanha as dificuldades de Dirch em gerir todos esses elementos, associados à sua frustração em não conseguir fazer nenhum outro trabalho que não esteja ligado à comédia. Exibido no Festival de Toronto deste ano.

A Mostra Expectativa potencializa como nenhuma outra esse caráter de novidade do Festival do Rio. Dos filmes apresentados nela, por serem trabalhos de realizadores desconhecidos, pode-se esperar qualquer coisa. Muitas vezes grandes furadas, é verdade, mas também surpresas simpáticas como este filme dinamarquês baseado na biografia de um comediante que mesclou sua vida pessoal de tal modo ao ofício nos palcos que transformou toda a sua existência em uma grande performance.

Dirch Passer era amado pelo público. Dirch Passer amava as mulheres, embora não parecesse gostar de nenhuma em particular. Com um roteiro que não perde tempo em explicar como começavam e terminavam seus relacionamentos (porque, na verdade, isso não faz diferença), o filme passeia entre seus esquetes teatrais e seus amores fazendo pouca distinção entre uma coisa e outra. E tudo no entorno de Dirch parece contribuir para que ele viva em círculos: é especialmente significativa sua tentativa em fazer teatro dramático, quando o público, já condicionado ao fato dele ser “um homem engraçado”, desanda a gargalhar a cada fala (séria) do ator.

Também vale conferir a apaixonante atuação do dinamarquês Nikolaj Lie Kaas como Dirch Passer. Talvez vocês não estejam ligando o nome à pessoa, mas certamente se lembrarão de seu rosto se já viram algum filme dinamarquês (o cara é como se fosse o Ricardo Darín da Escandinávia). O mais impressionante é que o ator consegue transmitir para a câmera e, portanto, para outro meio, a vibração, calor e carisma de uma apresentação teatral, com um timing de comédia e presença cênica admiráveis, deixando muito claro para o espectador que nunca ouviu falar de seu personagem o porquê dele ter sido tão adorado pelas platéias.  

É claro que o filme por vezes tem cenas mais arrastadas do que o normal ou desnecessárias mesmo, criando uma barriga lá pelo meio da projeção. Também é daquelas histórias que demoram um pouco a conquistar a atenção do espectador. Mas os pequenos pecados e excessos cometidos pelo diretor e roteirista Martin Zandvliet em nada invalidam o prazer de assistir a este interessante filme.

Um Homem Engraçado (Dirch), de Martin Zandvliet. Com Nikolaj Lie Kaas, Lars Ranthe, Lars Brygmann, Malou Leth Reymann, Laura Christense. Dinamarca, 2011. 105 minutos. Expectativa.

Cotação: 7,0

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