domingo, 16 de outubro de 2011

Juntos Para Sempre


Javier Gross é um roteirista de sucesso muito distraído, mais conectado com as histórias que inventa do que com a vida real. Sua esposa Lucía, cansada de ser negligenciada, se envolve com outro homem, o que desencadeia uma crise que leva à separação do casal. Javier, que se define como um homem que diz não ao sofrimento, logo a substitui pela ansiosa Laura, ao mesmo tempo em que descobre chocantes novidades sobre seus pais. Com tanta confusão ao seu redor, Javier mergulha cada vez mais em seu novo roteiro, uma estranha história sobre um homem que sai de férias com a família e vai abandonando-os pelo meio do caminho.

Mais uma boa surpresa vinda do cinema argentino, sempre pródigo em contar tramas originais a partir de argumentos simples. Através de um personagem principal bastante rico e multifacetado (e da ótima interpretação de Peto Menahem), o filme faz um questionamento divertido sobre os limites entre ficção e realidade e sobre o quanto o sofrimento seria uma escolha da própria pessoa que sofre. É impossível não simpatizar com esse protagonista que, a despeito de sua confusão mental, consegue encontrar expedientes bastante criativos para continuar tocando a vida, como, por exemplo, focar toda a raiva da traição em um mero sofá ou arrumar rapidamente uma nova namorada com uma personalidade mais permissiva do que a anterior. Se o mundo está uma bagunça, vamos nos concentrar na ficção, é o que parece dizer Javier. O problema é que o subconsciente não funciona dentro de uma lógica tão prática assim, desencadeando cedo ou tarde uma catarse por vias tortuosas.

Pablo Solarz, embora esteja dirigindo seu primeiro longa-metragem, foi o roteirista de outras boas histórias sobre dilemas conjugais, como Um Namorado Para Minha Esposa e Quem Disse Que é Fácil? Em Juntos Para Sempre, entrega um filme divertido e faz uma bela estreia. Vale a pena conferir.

Juntos Para Sempre (Juntos para Siempre), de Pablo Solarz. Com Peto Menahem, Malena Solda, Florencia Peña, Mirta Busnelli, Luis Luque. Argentina, 2010. 98 minutos. Première Latina.

Cotação: 7,5

Nenhum comentário:

Postar um comentário