sábado, 8 de outubro de 2011

Oliver Sherman – Uma Vida em Conflito


Um belo dia Franklin recebe a inesperada visita de Sherman Oliver, a quem salvara a vida sete anos antes, quando ambos eram soldados no mesmo batalhão. Franklin casou-se e tem uma vida tranquila ao lado da esposa e dos filhos, enquanto Sherman parece ainda não ter superado os traumas da guerra. A camaradagem inicial do reencontro vai cedendo lugar ao desconforto conforme Sherman não dá sinais de querer ir embora e seu comportamento desajustado começa a incomodar a família de Franklin. Baseado no conto Veterans, de Rachel Ingalls, o filme foi exibido este ano no Festival de Toronto.

Primeiro longa de Ryan Redford – que, até onde sei, não tem nenhum parentesco com Robert Redford –, Oliver Sherman faz um contraste interessante entre os dois ex-soldados. Ambos viveram traumas semelhantes. Então por que Franklin conseguiu superar os fantasmas e Sherman não? Difícil dizer. As pessoas certamente não são iguais, mas muitas vezes a grande diferença reside mais nas circunstâncias em seu entorno do que em alguma força interior especial. Um deles encontrou uma mulher que o amou; o outro, não. Dentro da sua lógica binária e distorcida, Sherman coloca a questão para o amigo quando lhe diz que também poderia ser “normal” se conseguisse viver numa casa bonita e, desse modo, atrair uma mulher que o quisesse.

O que incomoda um pouco no filme é o excesso de passividade de Franklin, que, a despeito de ser um homem compreensivo com os traumas do ex-companheiro, demora demais a tomar uma atitude mais afirmativa, mesmo percebendo o evidente perigo que Sherman representa para a sua família, passividade que fica ainda mais esquisita pelo fato deles não serem exatamente os melhores amigos do mundo. O modo como Sherman impõe sua presença acaba soando artificial. Também se sente falta de um maior aprofundamento desses personagens, o que faz com que algumas acusações feitas por Sherman fiquem inconclusas (intriga ou verdade?). O espectador quer saber mais dos personagens e tudo acaba ficando na superfície.

De todo modo, é um filme interessante, ainda mais se levarmos em conta o fato de ser um longa de estreia. Vamos ficar de olho em mais esse Redford, o sobrenome chama atenção e o trabalho dele promete.

Oliver Sherman – Uma Vida em Conflito (Oliver Sherman), de Ryan Redford. Com Garrett Dillahunt, Donal Logue, Molly Parker, Kaelan Meunier. Canadá, 2010. 82 minutos. Expectativa.

Cotação: 6,5

2 comentários:

  1. Erika, assisti ao filme e, inclusive, faço uma pequena referência a ele em minha postagem de hoje. Achei, no mínimo, um bom traçado de perfil psicológico; não considerei tão superficial, acredito que a passividade de Frank tem mais a ver com compaixão - vê-se que ele é um sujeito daqueles capazes de arriscar a vida pelo outro just because, apenas porque sente que é o que deve ser feito. Suas ações são pautadas por essa serena aceitação do correto, da percepção de que o outro é um homem solitário e triste. Laços entre colegas de batalhão são muito fortes, cria-se uma espécie de irmandade, ainda que a proximidade e a amizade em si não sejam das maiores. Beijos e sucesso no excelente blog!

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  2. Oi Fernanda,

    Eu entenderia melhor a compaixão dele se o Sherman não fosse uma ameaça tão óbvia à família do Franklin. Poxa, deixar o filho do cara brincar com a faca foi demais, eheheh...

    Obrigada pela visita!

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