sábado, 1 de outubro de 2011

Contágio


Uma mulher volta para casa de uma viagem a Hong Kong com um resfriado e morre dois dias depois, não sem antes contaminar o filho também. Logo, outras pessoas começam a apresentar os mesmos sintomas de tosse, febre e convulsões. As autoridades se desesperam com o novo vírus, cuja origem incerta e desconhecida torna impossível encontrar um antídoto ou desenvolver uma vacina. Em meio à epidemia letal e ao pânico crescente, um jornalista denuncia interesses corporativos que estariam pondo em risco a segurança da população americana e cientistas correm contra o tempo para encontrar uma cura. Exibido no Festival de Veneza 2011.

Ah, Steven Soderbergh... Fala sério! Parece que ultimamente o cineasta anda atirando para todas as direções: biografia (Che), sátira política (O Desinformante), filme experimental (Confissões de uma Garota de Programa e Bubble), filme noir (O Segredo de Berlim) e blockbuster de ação (Treze Homens e um Novo Segredo). Tudo isso nos últimos cinco anos, vale lembrar. Tantos filmes de estilos diversos, alguns melhores, outros piores, mas nenhum realmente memorável. Agora Soderbergh ataca de filme de epidemia. E entrega um longa tecnicamente correto, mas que deixa o espectador completamente indiferente.

Com um estilo excessivamente documental e personagens que não despertam nenhuma empatia, o filme desperdiça um elenco recheado de estrelas como Kate Winslet, Jude Law e Marion Cotillard. Apenas Matt Damon e Laurence Fishburne parecem ter um pouco mais de aproveitamento, mas, ainda assim, o desenvolvimento de seus personagens é tão raso e esquemático que a gente acaba não se importando muito com eles. O roteiro é linear, óbvio, burocrático, conduzindo a um resultado que fica aquém dos muitos outros filmes já feitos com a mesma temática. A primeira comparação que vem à mente é Epidemia, de Wolfgang Petersen – que, aliás, dá um banho nesse aqui.

Para usar uma metáfora científica, Contágio é um placebo. Um filme que não incomoda nem insulta a nossa inteligência, mas tampouco tem qualquer efeito sobre quem o assiste. Vai ser visto apenas porque leva a assinatura de um cineasta famoso, mas é uma decepção.

Contágio (Contagion) de Steven Soderbergh. Com Matt Damon, Kate Winslet, Jude Law, Marion Cotillard, Gwyneth Paltrow. EUA / Emirados Árabes, 2011. 105 minutos. Panorama do Cinema Mundial.

Cotação: 4,0 

2 comentários:

  1. Erika, eu ODEIO Steven Soderbergh! O único filme que assisti do realizador e que realmente me agradou foi "Erin Brokovich". Também fiquei surpreso com "O Desinformante!", um filme que vale muito mais pelo personagem inusitado do que por qualquer outra coisa. Mesmo gostando muito do elenco (especialmente das atrizes), vou deixar para conferir "Contágio" apenas na telinha, pois não quero me arriscar e acabar frustrado. Eu espero que, após uma enxurrada de filmes previstos até para o próximo ano, Steven Soderbergh realmente se aposente.

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  2. Eu não chego a odiar, mas acho ele superestimado. E todo mundo que vai elogiar o Soderbergh cita logo Sexo, Mentiras e Videotape... Até quando ele vai viver da fama desse filme?

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