quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Raiva


Dois irmãos fogem de casa depois que seu grande segredo é descoberto e se embrenham em uma mata. Quando a irmã fica presa em uma armadilha de caça, o rapaz sai em busca de ajuda. Perto dali, enquanto um homem passeia com seu cachorro, o desesperado irmão é atropelado por jovens em um carro e convence os rapazes a ajudá-lo a resgatar a irmã enquanto as garotas ligam para a polícia. O problema é que um dos policiais que atende ao chamado é um pervertido, enquanto o outro está tão preocupado com a própria briga conjugal que não percebe os abusos do parceiro.

Esse criativo filme tem sido alardeado aos quatro ventos como “o primeiro filme de terror produzido em Israel”. Durante os seus primeiros quinze minutos, o espectador tem a impressão – ou melhor, a certeza – de que está diante de um filme feito exatamente à moda dos longas americanos onde uma garotada cheia de hormônios em ebulição se perde na floresta só para que comecem a ser exterminados um a um por um homicida qualquer. Felizmente, não se trata disso.

Numa surpreendente mistura de suspense, trash movie e humor negro, a trama faz com que os personagens cometam uma série de enganos e se vejam em situações extremas, fazendo desse modo emergir novas facetas e reações inusitadas em cada um. O filme ainda tira sarro dos códigos manjados do gênero, subvertendo arquétipos como o atleta, a mocinha ingênua e o policial macho. A certa altura, a situação se torna tão nonsense que fica praticamente impossível fazer distinção entre mocinhos e bandidos. O efeito dominó faz com que o psicopata do início torne-se irrelevante, transformando cada personagem em uma bomba-relógio em potencial.

Criativo, divertido e revigorante, desde que o espectador não tenha problema com sangue e vísceras pulando na tela. Que venham outros longas israelenses assim, pois foi uma primeira incursão no gênero muito bem-sucedida. Quem gosta de um bom “terrir” não deve perder, mesmo porque é o tipo de filme que muito dificilmente conseguirá uma vaga no circuito depois.

Raiva (Kalevet), de Aharon Keshales e Navot Papushado.
Com Lior Ashkenazi, Ania Bukstein, Danny Geva, Yael Grobglas, Ran Danker. Israel, 2010. 90 minutos. Midnight Terror.

Cotação: 7,0

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