quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Inútil


Documentário enfocando a indústria têxtil chinesa, das fábricas de tecido às costureiras simples, passando pela história de uma estilista que apresenta uma moda não-comercial e manufaturada intitulada Wu Yong (Inútil). Prêmio de Melhor Documentário na Mostra Orizzonti do Festival de Veneza 2007.

A primeira estranheza do filme é ter uma enorme sequência de apresentação que dura cerca de quinze minutos – sem diálogos – e faz um passeio por uma indústria de tecidos. Abertura inusitada para um documentário. Depois, somos apresentados a alguns temas e discussões que deveriam gerar material de interesse, como, por exemplo, o fato da China produzir em grande escala a moda de grifes estrangeiras mas não possuir grifes próprias. Uma estilista explica o paradoxo dizendo que seu povo não costuma ser visto como criativo e sim como mão-de-obra para a criatividade alheia.

Uma pena que Inútil logo abandone essa interessante discussão e se desdobre em visões superficiais e mal exemplificadas, o que faz com que a atenção do espectador se disperse. De repente, o filme começa a mostrar vários personagens, mas não se detém satisfatoriamente em nenhum. E convenhamos que é muito esquisito um documentário que não esclarece nada sobre as pessoas que está enfocando nem sobre os temas abordados. Sem contar as imagens “nada a ver”, como a longa sequência que mostra um grupo de mineradores tomando um banho coletivo. Um filme tão inútil quanto seu título.

Inútil (Wu Yong), de Jia Zhang-Ke. China, 2007. 81min.

Mostra Panorama

Nota: 2,5

Um comentário:

  1. Naturalmente, o Sr. não entendeu o filme. Trata-se de um documentário que bnarra, sobretudo na segunda parte, a acumulação primitiva de capital (expropriação dos alfaiates) na China. Entre os mineradores estavam os antigos alfaiates (entrevista), expropriados pela nova indústria têxtil chinesa.

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