sábado, 27 de setembro de 2008

Pan-Cinema Permanente


Documentário sobre o poeta baiano Waly Salomão, um homem acostumado a teatralizar a sua própria vida. O filme conta com depoimentos de Antonio Cícero, Caetano Veloso, Regina Casé e Susana de Morais, dentre outros. O diretor do longa, Carlos Nader, filmou episódios da vida de Waly por quase 15 anos.

Simpaticíssima homenagem a Waly Salomão. O documentário não tem um foco específico, é mais um mosaico das idéias, poemas e, sobretudo, da figura ímpar do próprio Waly. Dramático e extrovertido por natureza, o poeta transformava qualquer conversa banal em algo original como acontece, por exemplo, na cena em que ele discorre sobre a acidez de pepinos e azeitonas num café parisiense. O diretor Nader optou por não ficar inventando muito e deixou o show por conta deste curioso intelectual que muita gente conhecia mais de nome do que em pessoa. O filme tem como grande mérito esclarecer e eternizar um artista cuja personalidade exuberante transcende o próprio trabalho. O momento mais impagável, sem dúvida, é a entrevista que ele concedeu à TV síria quando esteve no país. Não dá pra esquecer a expressão perplexa do entrevistador enquanto Waly entoa “ó, abelha rainha, faz de mim...”.

Um atrativo extra nas sessões do filme é o curta que o antecede, o divertido Tira os Óculos e Recolhe o Homem. Nele, Jards Macalé e Moreira da Silva fazem uma teatralização surreal e bem kitsch do episódio que inspirou a música.

Pan-Cinema Permanente, de Carlos Nader. Brasil, 2008. 83min.

Mostra Première Brasil (Hors-Concours Longas Doc)

Nota: 7,0

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